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Homens deuses

         Na nossa história, muitos homens se consideraram verdadeiros deuses, se colocando acima do povo simples e mortal. Por loucura ou oportunismo e esperteza verificaram a importância ter o “dom de deus” para se sobreporem perante os demais. Podemos buscar exemplos em várias passagens da história romana, egípcia, maia, inca etc.
Quando observo os rituais de determinadas religiões, vejo que os seus seguidores os repetem como se fossem gestos santos, entretanto, foram modificados por pessoas consideradas santificadas ou representantes dos deuses e que se distanciam muito dos ensinamentos originais. Símbolos, comportamentos e rituais que regem a vida religiosa de muitas pessoas foram, na realidade, criados por outros homens com objetivos variados, mas sempre estabelecendo uma doutrinação do povo seguidor e submisso. Um bom exemplo pode ser encontrado na religião católica, onde os procedimentos e rituais atuais foram implantados ao longo dos anos, com interesses diversos. A seguir, como exemplo, vou tentar apresentar de forma cronológica as inovações impostas por homens que modificaram os caminhos da Igreja Romana.
  • No final do século III, Basílio de Cesaréia e Gregório Nazianzeno começaram o culto a santos.
  • Em 310, inicia-se a vida de monastério no Egito e, posteriormente, surgiu os altares, velas e incenso na Igreja, todos provenientes do paganismo.
  • Em 400, Paulino de Nóla ordena que se reze pelos mortos e ensina o sinal da cruz feito no ar.
  • Em 590, Gregório, o Grande, origina o purgatório.
  • Em 607, o imperador Phocas dá ao bispo de Roma o direito de primazia universal sobre a cristandade.
  • Em 609, Bonifácio IV inicia o culto à virgem Maria e a invocação dos santos e anjos.
  • Em 670, o papa Vitélio, para complicar a compreensão dos crentes determina que as missas deveriam ser em latim, língua morta para o povo.
  • Em 758, as Ordens Religiosas do Oriente criam a confissão auricular.
  • Em 787, no II Concílio de Nicéia foi estabelecido o culto e a adoração da cruz e relíquias dos santos.
  • Em 803, o Concílio de Maguncia cria a festa da Assunção da Virgem.
  • Em 818, aparece pela primeira vez nos escritos de Pascácio Radberto, a doutrina da transubstanciação (mudança da substância do pão e do vinho na substância do Corpo e Sangue de Jesus Cristo no ato da consagração) e a missa.
  • Em 884, o papa Adriano III aconselha a canonização dos "santos".
  • Em 998, Odilon cria a festa aos mortos, "dia de finados".
  • Em 1000, a confissão auricular generaliza-se e os ministros da igreja arrogam para si o célebre "Ego te absolvo". A missa começa a chamar-se sacrifício. E organizam-se as peregrinações (romarias).
  • Em 1059, Nicolau II cria o colégio dos cardeais "conclave".
  • Em 1074, o papa Gregório VII decreta o celibato dos padres como obrigatório.
  • Em 1076, é declarada a infalibilidade da Igreja pelo mesmo papa.
  • Em 1090, Pedro, o Ermitão, inventa o rosário.
  • Em 1095, Urbano II cria as indulgências plenárias.
  • Em 1125, aparece pela primeira vez, nos cânones de Leão, a ideia da Imaculada Conceição de Maria.
  • Em 1164, Pedro Lombardo enumera 7 sacramentos. O interessante é que Jesus indicou dois.
  • Em 1227, entra a campainha na missa por ordem de Gregório IX.
  • Em 1229, o Concílio de Toulouse estabelece a inquisição, que foi confirmada em 1232 por Gregório X e logo entregue aos dominicanos. Este mesmo Concílio proíbe a leitura das Sagradas Escrituras pelo povo.
  • Em 1264, Urbano IV determina pela primeira vez a festa do corpo de Deus (Corpus Christi).
  • Em 1300, Bonifácio XIII ordena os jubileus.
  • Em 1311, inicia-se a primeira procissão do Santo Sacramento.
  • Em 1317, João XXII ordena a reza "Ave Maria".
  • Em 1360, a hóstia começa a ser levada em procissão.
  • Em 1414, o Concílio de Constança definiu que na comunhão ao povo deveria ser dada apenas a hóstia, sendo o cálix reservado para o padre. Os concílios de Pisa, Constança e Basiléia declararam a autoridade do Concílio superior à do papa.
  • Em 1438, o Concílio de Florença abre a porta do purgatório, que Gregório o Grande havia criado.
  • Em 1563, o Concílio de Trento definiu que a tradição é tão valiosa quanto a Palavra de Deus, e aceitou os livros apócrifos como canônicos.
  • Em 1854, Pio IX proclama o dogma da Imaculada Conceição de Maria.
  • Em 1870, o Concílio do Vaticano, declara a infalibilidade do papa.

Todo crente deve saber a história de sua religião. Ser crente não é simplesmente ir à missa ou ao culto aceitando suas normas apenas por aceitar. Como acabamos de ver, as grandes regras foram impostas por homens que tiveram a força de uma religião sobre um povo simples que, muitas vezes, por medo e falta de cultura, simplesmente aceitava e ainda aceita. É bom lembrar que esse conjunto de doutrinas e ordens foi exclusivamente elaborado para atingir os interesses de determinados “religiosos”, porque Jesus Cristo e seus Apóstolos jamais ensinaram tais procedimentos. Podemos buscar na Bíblia o seguinte trecho: "Em vão, pois, me honram ensinando doutrinas e mandamentos que vêm dos homens" (Mateus 15, 9).
Aqui chegamos a um ponto chave da nossa discussão. A maioria das religiões foi moldada por homens com seus objetivos pessoais, alguns oportunistas e outros por ideais, que impuseram a vontade da “Igreja”, não importando os meios para se atingir o objetivo, mas sempre para ter o povo sob sua tutela. A desculpa para as adaptações que ocorrem nas seitas ao longo dos anos é justificada pela “inspiração divina”, o que não pode ser questionada porque é “pecado”. Acho bom dar uma lida no artigo “A inspiração divina”.
Muitos se fecham dentro de suas muradas religiosas e querem impor o seu modo de pensar sobre os costumes e crendices dos outros. Os “pecados” de uns podem não ser os “pecados” de outros. Os rituais de alguns são criticados por outros e ditos “paganismo”, “ateísmo”, “blasfêmia”... E Deus neste momento? “Inspira” alguns de um jeito e outros de formas diferentes? Permite que o desentendimento possa chegar à trágica morte de pessoas porque nasceram em locais diferentes e foram educadas dentro de conceitos religiosos extremos?
Como podemos observar, atualmente você pode criar um novo Deus pessoal ou até criar uma nova religião. Dependendo do que acredita e seu poder de convencimento, você poderá até ter sucesso. Poderá, inclusive, acreditar que pode ser um Deus ou um inspirado por ele, podendo até ter o dom da cura, bastando acreditar nesse fato e encarnar essa característica, passando a ser um novo messias.
Sempre existiram messias, os homens inspirados por Deus ou Ele encarnado. Atualmente, o problema está relacionado com o que está descrito na Bíblia, porque, segundo o Apocalipse de São João, Jesus voltará à Terra para o confronto final com o diabo. O que você espera? Vários Cristos apareceram e continuam aparecendo dizendo que são inspirados por Deus. Fico imaginando como já surgiram pessoas se dizendo “inspiradas” nestes anos da nossa história. Alguns líderes religiosos considerados “inspirados” tinham o poder de separar outros “inspirados” dos malucos e oportunistas e foram montando uma história religiosa. Como julgar a inspiração de alguém? Leia a página (A inspiração divina).
Hoje existem algumas pessoas que “acreditam” que são a encarnação do filho de Deus ou o próprio Deus. Podemos encontrar estas pessoas em todas as etnias e em todos os continentes. Portanto, podemos ter novos messias para todos os gostos. Vou apresentar um resumo sobre o surgimento de alguns destes Messias atuais. Vou começar por um brasileiro, o Inri Cristo, de Nova Jerusalém, Brasília. O seu nome real é Álvaro Thais. Passou a escutar vozes aos 5 anos e aos 31 Deus lhe falou que ele era seu filho. Em 1982, juntou várias pessoas em uma praça em Belém e foram para uma igreja local. Na igreja, arrancou Jesus da cruz e o quebrou jogando-o no chão. Lógico, foi preso como desordeiro. Hoje, com agenda cheia, ganhou fama e vive em uma chácara em Brasília onde é a sede da Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade. Também existe um siberiano, Sergei Torop que era guarda de trânsito durante a crise da União Soviética, perdeu o emprego e foi “iluminado”, passando a ser Jesus! Escreveu um livro “O último Testamento de Cristo”, arrebatou seguidores e, em 1992, se instalou na sua terra prometida na vila de Petropavlovka. Estimula a poligamia e cobra 10% dos seus 10 mil seguidores espalhados pelo mundo.
Qual seria o motivo para tanta gente acreditar nesses Messias? Por que este ou aquele? Isso pode nos levar a pensar no porque acreditar no primeiro que surgiu? Quem foi o primeiro? Na história humana sempre existiu alguém se dizendo “iluminado” por um Deus. Quem está certo ou errado? O messias verdadeiro é cristão, budista ou hinduísta? Ou será apenas, como alguns acreditam, um extraterrestre direcionando o nosso destino? José acredita neste porque foi doutrinado a aceitá-lo, mas João acredita naquele, bem diferente, porque nasceu em outro local com outra cultura. Quem está certo? Muitos Jesus existiram no passado da humanidade e continuarão a vir no futuro. O que os judeus e cristãos denominam de "messias" já era conhecido no hinduísmo como avatar, e no budismo, como bodhisattva.
Edson Perrone
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