Tenho observado que a Igreja Católica
vem tentando adotar medidas para reverter os estragos cometidos no passado.
Infelizmente, ainda continua caminhando de forma inconsequente em relação aos
seus fiéis que debandam progressivamente. Recomendo a leitura do texto “O Pecado do Fiel”. Ciente e preocupada com o problema,
a Igreja joga uma ótima cartada com a eleição do papa Francisco, na tentativa
de entrar nos trilhos em direção aos seus fiéis.
Mesmo com mudanças radicais e pedindo
muitas desculpas à humanidade, as cicatrizes deixadas pela Igreja não podem ser
reparáveis. Vou mexer em uma ferida aberta na história da Igreja Católica,
solicitando uma reflexão e tentar manter acesa a fonte da dignidade e do
respeito à vida, que faltou no início da história do Vaticano, contrariando
totalmente os ensinamentos de quem foi a fonte, o seu messias.
Todos os povos, grupos organizados e empresas tendem a ter orgulho e a se vangloriar de seu passado, mas
o Vaticano evita mencionar sua história ou reproduzir a biografia de muitos
papas por ter vergonha do que representaram. Segundo Almir
Amaral, no seu texto “O
Catolicismo Romano”, o princípio do papado
sobreviveu apoiado pelo Império Romano e, mais tarde, fazendo alianças astutas
com os francos. Posteriormente, ganhou prestígio com as “Falsas Decretais de
Isidoro”, que no ano de 857 eram documentos falsos que exaltavam o poder dos
papas e, de forma irregular, levaram o papa Nicolau I a usar a coroa do
Vaticano, portanto, sem nenhuma santidade, e que se perpetuaram por muito tempo.
Várias são as ações cometidas por estes homens que usavam a Igreja para se
beneficiarem, não importando as consequências.
O papa Inocêncio III, na Idade Média, usou
a força dos países subservientes e impôs autoridade derramando muito sangue na
Inquisição; o papa Nicolau V (1447-1455) autorizou o rei de Portugal "a
guerrear com povos africanos, confiscar suas terras e fazer escravos."
Esse papa dizia: "Sou tudo em todos, minha vontade prevalecerá; Cristo
mandou Pedro embainhar a espada, mas eu mando desembainhar." Santo
Afonso Leguori prescreveu que a Igreja sanciona o roubo! Esse "santo",
canonizado, disse que "Se alguém
roubar pouco, principalmente se for pobre não comete pecado!". Sob
ordens dos papas, em 1208, os cristãos albaneses foram exterminados. O frade
Torquemada (1420-1498) comandou por 8 anos a morte de 10.200 protestantes e
intelectuais queimados vivos. Só na Espanha 31.912 cristãos não católicos foram
mortos, 291.450 martirizados e dois milhões banidos. Carlos V (1500-58)
eliminou 50 mil cristãos alemães. O Papa Pio V (1566-1572) exterminou 100.000 anabatistas.
O papa Gregório XIII (1572-1585) organizou com os jesuítas o extermínio dos
protestantes franceses e, na noite de 24 de agosto de 1572, mataram 70 mil
deles. Esse papa comemorou mandando
que as igrejas cantassem o TE DEUN, trocassem presentes e cunhou moedas
comemorativas ao massacre. Em 1590, o catolicismo eliminou uns
200 mil cristãos huguenotes. O monarca alemão Fernando II (1578-1637),
instigado pelos jesuítas, começou uma guerra de extermínio aos protestantes. Essa
guerra religiosa terminou em guerra política e tirou a vida de 15 milhões de
pessoas.
Em 1534, surgiu no cenário do
Catolicismo Romano uma Ordem sinistra que escreveu a página mais negra e
horrenda da história da igreja. Foi criada pelo espanhol Inígo Lopez de Recalde,
que adotou o pseudônimo de Inácio de Loyola, fundou a Ordem dos Jesuítas e foi
canonizado pelo papa Gregório XV, no ano de 1621. O juramento dos Jesuítas
encontra-se no livro Congressional de Relatórios, pág. 3362, e em resumo diz: "Prometo na presença de Deus e da Virgem Maria e de
ti meu pai espiritual, superior da Ordem Geral dos Jesuítas... e pelas
entranhas da Santíssima Virgem defender a doutrina contra os usurpadores protestantes,
liberais e maçons sem hesitar. Prometo e declaro que farei e ensinarei a guerra
lenta e secreta contra os hereges... tudo farei para extirpá-los da face da
terra, não pouparei idade, nem sexo, nem cor... farei arruinar, extirpar,
estrangular e queimar vivos esses hereges. Farei arrancar seus estômagos e o
ventre de suas mulheres e esmagarei a cabeça de suas crianças contra a parede a
fim de extirpar a raça. Com este punhal molhado no meu sangue farei minha
rubrica como testemunho! Se eu for falso ou perjuro, podem meus irmãos, os
Soldados do Papa cortar mãos e pés, e minha garganta; minha barriga seja aberta
e queimada com enxofre e que minha alma seja torturada pelos demônios para
sempre no inferno!"
No Brasil, em março de 1549, chegaram ao Brasil os primeiros
padres jesuítas que iniciariam o processo de catequização indígena em massa. O
objetivo era a imposição do catolicismo erradicando as religiões nativas,
criando a utopia de integrar os indígenas ao processo de colonização e fazendo-os
obedecer, sem restrições, às ordens impostas pelo governador-geral Tomé de
Souza. Esses índios, que viviam como nômades percorrendo grandes distâncias em
busca do melhor lugar para ficarem, passaram a se tornar sedentários com o
cultivo da terra, já que conseguiam alimentar tribos inteiras com o trabalho
agrícola. Entretanto, graças a isso, os colonizadores descobriam e mandavam
prender e torturar grandes aldeias, na intenção de escravizá-los.
O papa Clemente VII repudiou a Ordem dos Jesuítas
chamando-os de "intrigantes". Mais tarde, Clemente XVI em 21-7-1773,
aboliu a Ordem, mas Pio VII, no ano de 1914, restaurou os jesuítas que se dizem
defensores do papa e braço direito da Igreja. Foram expulsos de Portugal e da
França em 1759, da Boêmia em 1762, banidos da Espanha em 1766, Malta livrou-se
deles em 1768 e a Dinamarca em 1772. Em 1759, o primeiro-ministro de Portugal,
Sebastião José de Carvalho, conhecido como Marquês de Pombal, ordenou uma
expulsão em massa dos jesuítas de todas as colônias portuguesas. Os jesuítas
consideravam-se acima dos bispos por terem bulas que os isentavam de sua jurisdição, os bons dicionários os identificam como
astuciosos e hipócritas.
Esse foi o início do catolicismo em
terras brasileiras, não diferente do seu início em outras partes do mundo. Mão
de aço, derramamento de sangue e lavagem cerebral foram as bases para a
imposição de uma doutrina que não reflete, com certeza, o ideal de seu criador.
Edson Perrone
ecperrone@gmail.com
Fonte: Almir Amaral - http://solascriptura-tt.org/Seitas/Romanismo/CatolicismoRomano-AAmaral.htm
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